* Por Dr. Bruno Vargas, médico ortopedista especialista em cirurgia de quadril
A cirurgia de quadril, especialmente a artroplastia total, é um procedimento amplamente realizado no tratamento de patologias como artrose, fraturas do colo do fêmur, necrose avascular da cabeça femoral, entre outras.
Entre 2012 e 2021, foram realizadas 413 mil artroplastias de quadril no Brasil, com um custo estimado de R$ 630 milhões, incluindo revisões.
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O sucesso desse tipo de intervenção depende não apenas da técnica cirúrgica, mas também da reabilitação adequada e do uso correto de dispositivos auxiliares no pós-operatório.
Entre esses recursos, está a almofada de abdução, um item ortopédico imprescindível na prevenção de complicações e na promoção da recuperação funcional.
O que é a almofada de abdução?
A almofada de abdução é um recurso essencial no pós-operatório da artroplastia de quadril. Sua função principal é manter os membros inferiores abduzidos e afastados da linha média do corpo, prevenindo luxações, escaras por pressão e facilitando a higienização.
Além disso, atua como um componente tutor na reabilitação física, reduzindo significativamente essas complicações e contribui para uma recuperação mais segura e eficaz.
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Riscos pós-operatórios e a necessidade de estabilização
Após a artroplastia total do quadril, o paciente enfrenta um risco aumentado de luxação da prótese, principalmente nas primeiras semanas. A luxação ocorre quando há deslocamento da cabeça femoral em relação ao acetábulo protético.
O problema pode estar relacionado a movimentos inadequados, como a adução excessiva do quadril (aproximação das pernas), rotação interna ou flexão acima de 90 graus.
A almofada de abdução atua justamente como uma barreira física que impede a adução e aproximação das pernas, reduzindo a probabilidade de movimentos perigosos que poderiam comprometer a estabilidade da prótese e exigir uma nova intervenção cirúrgica.
Assim, ao limitar certos graus de liberdade, o dispositivo promove uma recuperação mais segura.
Por isso, a almofada deve ser utilizada já no pós-operatório imediato, inclusive na sala de cirurgia, especialmente em pacientes com confusão ou agitação, que podem realizar movimentos de risco, como rotação interna.
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Limitações e cuidados
Embora a almofada de abdução ofereça diversos benefícios, seu uso deve ser monitorado com atenção.
Um posicionamento incorreto pode causar compressões indesejadas, úlceras de pressão ou desconforto prolongado. Pacientes com alterações neurológicas, déficits sensoriais ou risco aumentado de lesões cutâneas devem ser acompanhados de forma mais rigorosa.
Além disso, o uso contínuo por períodos prolongados pode afetar a mobilidade e a autonomia do paciente.
Portanto, à medida que a recuperação avança e o risco de luxação diminui, é comum que a almofada seja retirada durante o dia e mantida apenas durante o sono ou repouso, de acordo com a orientação médica e fisioterapêutica.
Aplicação prática e orientações de uso
A almofada de abdução deve ser posicionada imediatamente após o término do procedimento cirúrgico, ainda na sala de recuperação, ou nas primeiras horas na unidade de internação.
O equipamento é fixado entre os membros inferiores com tiras de velcro ou faixas que garantem estabilidade sem causar desconforto excessivo.
O tempo de uso pode variar de acordo com o protocolo da instituição e o perfil do paciente, mas, em geral, recomenda-se sua utilização contínua nas primeiras semanas, especialmente durante o repouso e o sono.
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